O Sentido Do Corpo (1979)
Sinopse
Um ciclo vital, a pele como registro de sensações, as cores como elementos de vibrações, o nu como símbolo de liberdade – essas idéias estavam presentes em O Sentido do Corpo, espetáculo que, integrando diferentes linguagens (teatro, dança, cinema, artes plásticas), mostrava as inter-relações humanas dentro do ciclo de que vai do nascimento à morte.
Totalmente nus, do princípio ao fim da peça, os atores propunham uma nova relação do indivíduo com seu próprio corpo e a utilização deste corpo como um meio de comunicação mais efetivos e completo.
Ao contrário de Ensaio Selvagem, este foi um espetáculo basicamente de ação, que tinha como texto apenas alguns poemas. Também foi um espetáculo que privilegiou a imagem. Os atores se movimentavam sobre um plástico transparente, que forrava um chão coberto de tintas coloridas. A cada movimento, apareciam diferentes matrizes. O tom predominante era o avermelhado.
O cenário tinha a intenção de reproduzir o interior de um organismo que poderia ser um útero ou um coração.
A peça tinha dois momentos bem marcados: na primeira parte, ao som de Adágio, de Albinoni, os atores estabeleciam um contato físico entre si e com a platéia. Já na entrada do Teatro, o público era obrigado a passar, por entre os corpos nus. Na porta os atores, em pé uns sobre os outros, criavam a imagem de uma pirâmide. Nesse primeiro momento, prevalecia o afago, a curiosidade, a busca do outro, a descoberta do tocar e do sentir. A segunda parte iniciava com o corte da música. Nessa hora, os corpos entravam em catarse. Como registrou Claudia Lindner, na Folha da Tarde: se retorciam e gritavam. Vivendo uma irracionalidade progressiva, “(…) onde até mesmo a urina é um elemento a mais para chocar os espectadores (…)”. Depois de um tempo, o som recomeçava e se resgatava o tom afetuoso do início do espetáculo.
Ficha Técnica
Coreografia: criação coletiva
Coordenação: Carlos Wladiminski
Cenografia: Rogério Nazari
Iluminação e sonoplastia: Carlos Wladiminski
Elenco: Adauto Ferreira, Caio Gomes, Clarissa Baumgarten, Marcos Diestel, Paulo Flores e Paulo Vicente
Estréia: maio de 1979
Local: Teatro Ói Nóis Aqui Traveiz