Oi Nois Aqui Traveiz

REPERTÓRIO

Desmontagem Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência

Desmontagem é um conceito novo no cenário cultural e se constitui como uma linguagem híbrida entre o espetáculo teatral e a reflexão teórica sobre a obra. A Desmontagem ‘Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência’, com concepção e atuação de Tânia Farias, refaz o caminho da atriz na criação de personagens emblemáticos da dramaturgia contemporânea. Constitui um olhar sobre as discussões de gênero, abordando a violência contra a mulher em suas variantes, questões que passaram a ocupar centralmente o trabalho de criação do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz. Ao seguir a linha de investigação sobre teatro ritual de origem artaudiana e performance contemporânea, a desmontagem de Tânia Farias propõe um mergulho num fazer teatral onde o trabalho autoral do ator condensa um ato real com um ato simbólico, provocando experiências que dissolvam os limites entre arte e vida e ao mesmo tempo potencializem a reflexão e o autoconhecimento. No desvelamento dos processos de criação de diferentes personagens, criadas entre 1999 e 2011, a atriz nos mostra quanto as suas vivências pessoais e do coletivo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz atravessam os mecanismos de criação. Hoje, no Brasil, a ideia de desmontagem vem sendo debatida, e o Ói Nóis Aqui Traveiz é um dos condutores. “Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência” circulou por diversas cidades do país e foi perfomatizada em Cuba, na Argentina e Portugal.

Concepção e atuação: Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz e Tânia Farias

Operação de Luz: Lucas Gheller

Quase Corpos: Episódio 1 – A Última Gravação

Quase Corpos: Episódio 1 – A Última Gravação’ é um estudo do teatro de Samuel Beckett que revela a fragmentação do corpo físico, psíquico e das relações sociais. Temas como solidão, sofrimento, fracasso, angústia, absurdo da condição humana e morte são abordados a partir da pesquisa de linguagem e do trabalho autoral que os atuadores desenvolvem. A encenação, versão livre da peça Krapp’s Last Tape, mostra o confronto de um homem de 69 anos com o seu passado. O velho homem escuta num antigo gravador a fita-registro de 30 anos atrás. Escuta sua própria voz narrar extintas aspirações, lembranças de amores perdidos, a morte da mãe, a esperança não confirmada de êxito comercial literário. Memórias de fracassos, declínio e dissipação.

Encenação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz

Atuação: Paulo Flores
Figurino e adereços: Tânia Farias

Cenografia: Eugênio Barboza e Tânia Farias
Iluminação: Clélio Cardoso e Lucas Gheller

Operação de luz: Lucas Gheller

Sonoplastia e Operação de som: Roberto Corbo.

Manifesto de Uma Mulher de Teatro

A performance ‘Manifesto de Uma Mulher de Teatro’ parte da personagem Ofélia, de um dos textos mais contundentes da dramaturgia contemporânea, Hamlet Machine de Heiner Müller – marcante na trajetória da atriz Tânia Farias -, a performance traz ao centro da arena a vociferação contra a engrenagem de violências às quais mulheres são continuamente submetidas. Jogar luz sobre mulheres, evocá-las, contar suas histórias é a motivação central dessa ação ainda em construção. As mulheres que cruzam o caminho da atriz compõem o texto manifesto que abraça a performance de Tânia Farias.  Vozes como a de Violeta Parra, Gioconda Belli e da própria atriz, que ousa contar detalhadamente sua história pessoal de violência sofrida e intercruzar com outra real, a de Magó, bailarina barbaramente violentada e assassinada em 2020, ao qual a atriz presta homenagem. Um ato político contra a violência de gênero, uma nova etapa de construção da reflexão dessa mulher de teatro num momento tão trágico, de autorização de todo tipo de barbárie contra mulheres, negros, lgbtqia+ e tudo o que o conservadorismo dessa elite atrasada considera uma ameaça ao seu projeto de morte, de não corpo e de não felicidade.

Criação da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz

Atuação: Tânia Faria

Operação de vídeo, som e luz: Lucas Gheller

Meierhold

A criação de ‘Meierhold’ parte da livre adaptação da peça da chamada dramaturgia de ‘micropolítica de resistência’ do argentino Eduardo Pavlovsky “Variaciones Meyerhold”. A cena mostra o encenador russo Vsevolod Emilevich Meierhold (1874-1940) num tempo fora da realidade, póstumo, como um espectro que reflete sobre o seu discurso artístico e os relaciona com momentos dramáticos de sua trajetória pessoal: sujeição ao cárcere, violência física e humilhações até o seu brutal assassinato. O espetáculo utiliza-se de diferentes linguagens e recursos presentes na pesquisa do encenador russo, como o grotesco, o teatro popular de feira e a biomecânica, inclusive audiovisuais, fragmentos de poesias surrealistas e cenografia construtivista. A dinâmica da encenação busca perguntar aos espectadores como Meierhold nos afeta e nos comove no Brasil de hoje.

Encenação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz

Atuação: Paulo Flores e Keter Velho

Música Original: Johann Alex de Souza

Audio-visual: Eugênio Barboza

Iluminação e operação de luz: Clélio Cardoso

Contra-regragem e operação de vídeo: Lucas Gheller

Violeta Parra – Uma Atuadora

A performance cênico musical “Violeta Parra – Uma Atuadora” se solidariza com o povo chileno neste momento de luta por melhores condições de vida e apresenta um repertório que mistura o andino com ritmos brasileiros na voz da atuadora Tânia Farias e do violonista e compositor Mário Falcão. Com esse viés mestiço a performance veste as canções deste ícone da arte da América do Sul. Violeta Parra cantora e violonista desde criança, pesquisou ritmos, danças e canções populares, transformando-se em ponta de lança do movimento da “nueva canción” que projetou a música chilena no mundo. Conhecida no Brasil principalmente pelas composições “Gracias a la Vida” e “Volver a los 17”, seu legado é inestimável para a música engajada latino-americana. Sua história foi contada em 2011 no filme “Violeta foi para o Céu”, do diretor Andrés Wood. Primeira experiência da Tribo onde a música está em primeiro plano.

Concepção de Tânia Farias e Mário Falcão

Em cena: Tânia Farias, Mário Falcão, Johann Alex de Souza e Carlos Eduardo Falcão

Operação de luz: Lucas Gheller

Operação de som: Roberto Corbo

Criação da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz

O Amargo Santo da Purificação

“O Amargo Santo da Purificação – Uma Visão Alegórica e Barroca da Vida, Paixão e Morte do Revolucionário Carlos Marighella” é uma criação coletiva para Teatro de Rua da Tribo de Atuadores Ói Nois Aqui Traveiz. A encenação coletiva conta a história de um herói popular que a classe dominante tentou banir da cena nacional durante décadas. Na sequência de cenas o público assiste momentos importantes desta trajetória: origens na Bahia, juventude, poesia, Estado Novo, resistência, prisão, Democracia, Constituinte, clandestinidade, Ditadura Militar, luta armada, morte em emboscada e o resgate histórico, buscando um retrato humano do que foi o Brasil no século XX.

A dramaturgia elaborada pela Tribo de Atuadores Ói Nois Aqui Traveiz parte dos poemas escritos por Carlos Marighella que transformados em canções são o fio condutor da narrativa. Utilizando a plasticidade das máscaras, de elementos da cultura afro-brasileira e figurinos com fortes signos, a encenação cria uma fusão do ritual com o teatro dança. Através de uma estética ‘glauberiana’, o Ói Nois Aqui Traveiz traz novamente para as ruas da cidade uma abordagem épica das aspirações de liberdade e justiça do povo brasileiro .

M.E.D.E.I.A.

Em M.E.D.E.I.A, solo da atuadora Tânia Farias, estreada em 2022, a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz retoma a personagem protagonista do seu espetáculo ‘Medeia Vozes’. A encenação traz para cena uma versão antiga e pouco conhecida do mito, trazendo uma mulher que não cometeu nenhum dos crimes de que Eurípides a acusa. Por mais de dois mil anos, Medeia, uma das mais poderosas mulheres da mitologia grega, é acusada de várias atrocidades, tais como o fratricídio, o infanticídio e o envenenamento de Glauce, e é esta imagem que foi imposta à consciência ocidental que a Tribo vem negar. O mito é questionado e reelaborado de maneira original, para analisar o fundamento das ordens de poder e como estas se mantêm ou se destroem.
Medeia é uma mulher que está na fronteira entre dois sistemas de valor, corporizados respectivamente pela sua terra natal, e pela terra para a qual foge. Ambas as sociedades, Corinto e Cólquida, apresentam na sua história um sacrifício humano fundamental, que serviu para a estabilização do poder patriarcal. Medeia é uma mulher que enxerga seu tempo e sua sociedade como são. As forças que estão no poder manifestam-se contra ela, chegando mesmo à perseguição e banimento, ela é um bode expiatório numa sociedade de vítimas.

Encenação Coletiva

Atuação: Tânia Farias

Iluminação: Paulo Flores

Vídeo e sonoplastia: Lucas Gheller

Onde? Ação N. 2

A performance “Onde? Ação n. 2” (2011) provoca de forma poética reflexões sobre o nosso passado recente e as feridas abertas pela ditadura militar. Na performance a relação de mulheres com cadeiras vazias de pessoas ausentes. No final, durante alguns minutos, a mulheres lembram os nomes dos desaparecidos políticos do Brasil. A ação performática se soma ao movimento de milhares de brasileiros que exigem que o Governo Federal proceda a investigação sobre o paradeiro das vítimas desaparecidas durante o regime militar, identifique e entregue os restos mortais aos seus familiares e aplique efetivamente punições aos responsáveis. “Onde? Ação n. 2” vem sendo encenada em diversas cidades brasileiras, tendo já realizado circuito de apresentações na Argentina e Cuba.