Os espectadores, em número de vinte por sessão, eram conduzidos um a um por um médico através de um túnel escuro, onde vivenciavam estímulos táteis, até o quarto da  ´paciente´. No ambiente, havia cheiro de éter e uma cama de tamanho descomunal que ocupava quase todo o espaço. No centro da cama, vestindo camisola branca, estava deitada uma mulher jovem, gorda e de grande estatura. Quando o último espectador entrava, o médico trancava a porta com um cadeado e se posicionava ao redor da cama. A experiência vivida neste quarto fechado era algo para não se esquecer. O espectador assistia às cenas que retratavam a mente de uma mulher atormentada. Eram fragmentos de uma vida que apareciam entre blecautes e efeitos sonoros e que, com certeza, encontravam um semelhança na história de quem estava ali presente. Em ´Ostal´ tudo foi preparado para atingir o inconsciente do espectador, e a esquizofrenia foi colocada não como doença clínica, mas como conseqüência inevitável do processo de adaptação social a que o indivíduo é submetido desde a infância. A moça que estava sobre a cama tinha a cabeça em frangalhos. Na procura de sua identidade, ela buscava a cumplicidade do público, que ficava perplexo diante de tantos acontecimentos: era um alçapão que se abria do teto para que descesse um casal nu que simulava um ato sexual; eram dois braços que pareciam quere estrangular a doente; durante um blecaute, ouvia-se do lado de fora do quarto, uma briga de casal extremamente violenta; noutro momento, a mulher de preto imobilizava a mulher de branco e retirava de sua entranhas uma longa faixa de gaze, que moldava na forma de uma boneca; na seqüência, a mulher de preto, num gesto maternal, oferecia o seio para a mulher de branco; outra vez, a mulher de branco tocava cada um dos espectadores para, em seguida, debater-se contras as paredes tentando sair do quarto. Tudo isso, sem que fosse dita uma única palavra.