Fim De Partida (1986)
Sinopse
A ambientação da encenação lembrava um abrigo antinuclear, sarcasticamente arquitetado na forma de uma imensa lata de lixo. Para chegar nesse ambiente, os espectadores passavam antes por um longo túnel coberto por folhas de zinco. Uma vez acomodados no espaço, deparava-se com o que restou da vida na terra: um quadro desolador, onde quatro personagens, limitados em sua condição física e enclausurados entre paredes de zinco, consomem-se em relações de angústia e rancor. São eles: Hamm, cego e preso a uma cadeira de rodas; os velhos, seus pais, Nagg e Nell, cujas pernas decepadas mantêm-nos fixos dentro de latões de lixo; e Clov, o único que se movimenta porque, ironicamente, não consegue senta-se. Entre eles há um pacto de fidelidade, silencioso e desesperador. Hamm é o déspota; é ele quem dá as ordens, enquanto Clov obedece. Mas é Clov quem determina a continuidade do jogo. Ele pode partir a qualquer momento, e, então todos morrerão, porque dependem dele para continuar existindo. Toda a história gira em torno do medo de que ele se vá; mas ele não vai a lugar algum, porque não há nenhum lugar para ir. Lá fora é a morte, é o nada. E mesmo quando, no final da peça ele não responde mais aos apelos do cego, é do seu lado que se posiciona e permanece estático, calado, com a mala pronta em uma das mãos. Tudo termina como começou. Nada acontece. Tendo sua obra classificada como teatro apocalíptico, Samuel Beckett traça o painel de um mundo infinitamente vazio e descrente; e ilustra o homem em sua miséria humana, sem Deus e sem razão. Em ´Fim de Partida´, seus personagens estão parados no tempo, sem nada esperar.
Ficha Técnica
Autor: Samuel Beckett
Direção: coletiva
Cenografia e figurino: Isabella Lacerda.
Iluminação e sonoplastia: Zezinho Moura.
Elenco: Arlete Cunha, Maria Rosa, Sérgio Etchichury e Paulo Flores.
Estréia: 21 de novembro de 1986.
Local: Terreira da Tribo