Em 2016 um golpe travestido de impeachment derrubou a presidenta eleita e nos levou a um retrocesso social e cultural. Vivíamos um tempo de ódio e violência que culminou com a prisão política do ex-presidente Lula sem nenhuma prova, e a eleição de um neofacista para presidente. É neste contexto que a Tribo vai criar “Caliban – A Tempestade de Augusto Boal” para ser encenada nas ruas e praças. Na versão de Boal a história é vista pela perspectiva de Caliban, metáfora dos seres humanos originários da América que foram dizimados e escravizados pelos invasores colonizadores representados pelo personagem Próspero. A encenação a céu aberto reflete sobre a nossa sociedade perversa e excludente, que mantém até hoje os resquícios da escravidão. Caliban representando todos os oprimidos é símbolo da identidade latino-americana e da resistência ao neo-colonialismo. O espetáculo estreou em março de 2017 e percorreu o país em circuito nacional pelo projeto Palco Giratório do SESC. A encenação coletiva investe em um movimento de cena dinâmico com personagens excêntricos, utilizando adereços e figurinos impactantes com máscaras e bonecos. A narração é toda contagiada pela música, o canto e a dança. Mesclando os movimentos do coro com ações acrobáticas, cenas de humor irreverente e personagens clownescos com uma narrativa épica. A Tribo propõe um teatro que busca toda a potência do viver.