Oi Nois Aqui Traveiz

A Saga de Canudos (2000)

Sinopse

O espetáculo conta a história da construção e destruição de Canudos, oportunizando ao público em geral o contato com um dos movimentos populares mais importantes do nosso país. Um episódio que mexeu com as mais profundas emoções da alma brasileira, e sem dúvida, uma das mais belas e desconhecidas passagens da aventura humana. Recuperando o caráter político do movimento liderado por Antônio Conselheiro no final do século dezenove. Mostrando um Conselheiro fruto da história. Com máscaras e bonecos, música e dança, a encenação conta a luta entre os deserdados e os poderosos, o santo guerreiro contra o dragão da maldade. O roteiro do espetáculo é baseado em textos de dramaturgos, historiadores, compositores e cineastas. Castigados pela fome e marcados pela opressão, milhares de sertanejos se aglutinam em torno das idéias de Antônio Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro pelo fato de dar conselhos que eram acatados em todo sertão pelos camponeses. Antônio Conselheiro era um elemento de unidade entre os sertanejos de diversas camadas sociais pela confiança que inspirava e pelas qualidades que possuía. Fundador de Canudos, chamado de arraial do Belo Monte, dirigiu a resistência camponesa na maior guerra social que abalou o sertão e o país. Os latifundiários, nem o governo e a igreja poderiam aceitar o seu lema “A terra não tem dono. A terra é de todos.” A terra era de todos; os rebanhos, as ferramentas eram propriedade coletiva. Todos trabalhavam. As tarefas eram distribuídas de acordo com a capacidade de cada um. Os mais novos irrigavam a terra, plantavam o feijão, a mandioca, a cana-de-açúcar e cuidavam da criação do gado. As mulheres ajudavam na colheita, cozinhavam, costuravam, teciam redes. O dinheiro obtido com a venda da produção excedente destinava-se à compra dos produtos de que a comunidade precisava, mas não conseguia produzir. As decisões eram tomadas nas reuniões diárias, quando o povo rezava, cantava, ouvia o sermão do Conselheiro e discutia os problemas da comunidade. A historiografia oficial procura sempre diminuir o papel dos líderes populares quando ele desagrada a classe dominante, e retratou Antônio Conselheiro como um fanático, insano, celerado. Essa visão cede lugar em ‘A Saga de Canudos’ para um Antônio Conselheiro convicto de seu papel histórico, que se bateu pela abolição dos escravos, pela extinção do latifúndio e por uma organização socialista semelhante à de Fourier, de Cabet e de Owen. O Ói Nóis Aqui Traveiz através do espetáculo  reflete a atualidade da questão da luta pela terra, mostrando os camponeses lutando contra o latifúndio, desafiando a igreja e o governo, derrotando o exército várias vezes, deixando o exemplo que é possível a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O espetáculo mostra a opressão e os horrores da guerra de Canudos sensibilizando o público, evidenciando algumas das graves premissas da condição humana: a preciosidade da vida e a sua vulnerabilidade, nossa dependência uns dos outros, a natureza social do ser humano.   


Ficha Técnica

Autor: César Vieira

Adaptação da obra O Evangelho Segundo Zebedeu.

Fragmentos: Glauber Rocha e literatura de cordel

Roteiro e direção: criação coletiva

Música: Alex de Souza, domínio público, Fábio Paes, Gereba, Ivanildo Vila Nova, Padre Enoque Oliveira, Patinhas e Raimundo Monte Santo

Figurino: Tânia Farias

Máscaras: Denise Souza e Renan Leandro

Bonecos: Clélio Cardoso e Renan Leandro

Adereços: Antônio da Luz, Clélio Cardoso e Mauro Rodrigues

Elenco: André  Luís, Carla Moura, Clélio Cardoso, Denise Souza, Diego Comerlato, Edgar Alves, Gustavo Gojen, Jorge Perachi, Leila Silveira, Luís Fernando Xavier, Mauro Rodrigues, Paulo Flores, Renan Leandro, Sandra Steil, Sandro Marques, Tânia Farias e Urso da Silva

Intérpretes em substituição: Beatriz Britto, Daniel Gustavo, Jeferson Vargas, Luana Fernandes, Marcos Caldeira, Marta Haas, Nara Brum, Pedro Kinast De Camillis e Roberta Darkiewicz

Estréia: 12 de setembro de 2000

(Espetáculo de rua)