Oi Nois Aqui Traveiz

O Rei Já Era, Parará, Tim Bum (1979)

Sinopse

A peça, inspirada no texto “Havia Uma Vez Um Rei”, do grupo chileno Aleph, faz uma crítica ao poder instituído e às diversas formas de dominação criadas pelo homem.

A história começa quando três mendigos papeleiros (Garnizé, Cacareco e Prudêncio) decide brincar de “Sua Majestade”. A cada semana, um será o rei, e os outros trabalharão por ele. O conflito surge quando o primeiro a assumir o trono (Garnizé) se recusa trocar os papéis e passa a oprimir os seus companheiros.

Paralelo a esta trama, há um outro foco na ação: numa casa abandonada. Diante de uma ceia de natal, um casal de noivos tenta estabelecer um contato através da linguagem corporal.

O enredo era desenvolvido em dois ambientes. A ação dos mendigos se passa num jardim construído com elementos reais: grama, toco de árvore, muitas camadas de terra e um chafariz, que jorrava água o tempo todo. O movimento do casal acontecia num plano mais elevado, onde se construiu uma fachada de ruínas. Assim, se queria mostrar que a estrutura social era como uma casa em decadência.

O ponto comum entre essas duas cenas, segundo o Grupo, era a tentativa de se libertar do poder. No caso dos mendigos, o poder que exercia sobre a sociedade; no caso dos noivos, o poder sobre o indivíduo.

À platéia caberia escolher entre sentar nos bancos, que ficavam ao fundo do teatro, onde a visão era mínima, ou se arriscar a pisar no lodo. “Queríamos que o público se movimentasse à procura dos acontecimentos”, explica Paulo.

As peças anteriores causaram ao público um certo desconforto, mas em “O Rei Já Era…”, essa sensação chegou ao clímax.

A certa altura da peça, os mendigos dominados (Cacareco e Prudêncio) rebelam-se contra o seu opressor (Garnizé). A tomada de consciência gera uma guerra no meio da lama, no melhor estilo do salve-se quem puder. No final, Garnizé, ao som de um apito e espada na mão, corre Prudêncio, prende Cacareco e expulsa o público do Teatro. Na rua, as pessoas podiam ouvir os gritos de Cacareco pedindo socorro. 

Ficha Técnica

Roteiro: Era uma Vez um Rei – Grupo Aleph (Chile)

Direção, cenografia e figurino: criação coletiva

Iluminação: Caetano 

Elenco: Adauto Ferreira, João Carlos Castanha, Jussemar Weiss, Paulo Flores e Thaís Cornely

Intérpretes em substituição: Fátima Beatriz e Jorge Miranda

Estréia: dezembro de 1979

Local: Teatro Ói Nóis Aqui Traveiz